quinta-feira, 31 de maio de 2012

Crimes Assombrosos - Uma Viagem pelo Terror


Um dos destaques dos sites jornalísticos, hoje, foi a divulgação de um vídeo que mostra a agressão a dentadas de um homem nu , supostamente drogado, a um mendigo. Rudy Eugene, de 31 anos, teria comido 75 % da face da vítima identificada como Ronald Poppo, de 65 anos, que vivia perto da rampa de um ponte da cidade de Miami. Ronald teve orelha, nariz, um globo ocular e parte do seu rosto devorado por Rudy Eugene. O sem-teto permanece internado em estado crítico no hospital Jackson Memorial.
À esquerda, Rudy Eugene. Do lado direito, o mendigo Ronald Poppo
                                                                      Foto: Reuters
As imagens mostrariam Rudy Eugene caminhando, sem roupa, ao longo na ponte da estrada MacArthur, que liga Miami Beach ao centro da cidade. O mendigo estaria, nesse momento, próximo dali,  dormindo sob o elevado onde passa a linha de trem.
Logo em seguida,  Rudy totalmente descontrolado encontra o mendigo. O terror começa. Por quase 18 minutos, Eugene espanca o sem-teto, retirando todas as roupas dele para finalmente começar a morder a face de Poppo. Toda a terrível situação acontece em plena luz do dia, enquanto ciclistas e pedestres caminha pelo local. 
As pessoas perplexas assistem a cena sem qualquer ação. Até que alguns dos ciclistas ligam para a polícia. Minutos depois, um policial chega na cena do macabro banquete e atira contra Rudy, que cai no chão já morto.Segundo investigações da policia, Ronald foi escolhido ao acaso por Eugene, que estaria agindo sob os efeitos de uma mistura das substâncias alucinogênicas sintéticas metilenodioxipirovalerona (MDPV) e mefedrona chamadas de Sais de Banhos. O nome deve-se pelas substâncias serem vendidas em sacos semelhantes aos de sais para banho.
Difícil pensar no terrível crime  e não lembrar de um dos seriais killers mais famosos do cinema - Hannibal. A normalidade do psicopata, ao devorar o cérebro das vítimas, apavorou muita gente que assistiu atônita as cenas de terror interpretada, de forma genial, por Anthony Hopkins. 

Como esse é um blog de memória, e a memória nada mais é que um conjunto de fatos do cotidiano, Lugar de Memórias foi atrás dos casos mais assombrosos de seriais killers. 

Confira, abaixo, a listagem feita pela Revista Galileu sobre os assassinos que fazemos questão de lembrar e logo em seguida esquecer.


TOP 10: ASSASSINOS FAMOSOS
O termo serial killer foi criado pelo diretor do Programa de Prisão de Criminosos Violentos do FBI. Robert Ressler, na década de 1970 para designar crimes que aconteciam aparentemente sem razão onde o assassino matava pessoas que desconhecia. Fizemos aqui uma lista de assassinos famosos, alguns podem ser considerados assassinos em série, outros, não se encaixam no perfil, mas não deixam se ser menos assustadores.
Confira a lista e comente se você acha que algum criminoso ficou de fora. 
   Reprodução
Chico Picadinho

O estudante de direito, Francisco Costa Rocha, tem duas mortes confirmadas em seu nome. Foram duas mulheres, em 1966 e 1976. Ele estrangulou Margareth Suida, uma bailarina austríaca, até a morte. Para esconder seu crime, Chico cortou o corpo da mulher em pedaços menores. Mas acabou confessando e foi preso. No julgamento descreveu o assassinato em detalhes e disse que a bailarina era muito parecida com sua mãe. Oito anos depois, foi colocado em liberdade condicional por bom comportamento e voltou a matar uma mulher nas mesmas condições dois anos depois. Desta vez, foi condenado por mais de 20 anos. Apesar de ter cumprido a pena, não foi solto por ser considerado perigoso e cumpre pena na Casa de Custódia de Taubaté. 


Jack, o Estripador

Editora Globo
Foto: Reprodução
O primeiro assassino em série a ganhar fama nunca foi descoberto. Suas prováveis 13 vítimas eram prostitutas pobres da periferia de Londres, mortas brutalmente entre 1888 e 1891. A mídia da época divulgou muito seus atos violentos, até que a polícia e população local começou a suspeitar de que se tratava de um assassino para todos os crimes que vinham acontecendo. Suspeitou-se que era uma pessoa com conhecimentos de anatomia porque, em alguns casos as vísceras foram retiradas. A agência de notícias chegou a receber uma carta assinada por “Jack, the Ripper”, confessando a autoria dos assassinatos. Até hoje, Jack inspira histórias, estudos, filmes e teorias. 



Charles Manson

Editora Globo
Foto: Reprodução

Este merece ser lembrado por ter se tornado uma espécie de ícone cult. Ele criou uma seita chamado “Família” e coordenou várias mortes em seu nome. Entre elas, a da atriz Sharon Tate, mulher do diretor Roman Polanski no final da década de 1960 na Califórnia. Denunciado por uma de suas seguidoras, Manson foi julgado, declarou ódio à humanidade e planejava assassinar brancos ricos para incriminar negros e provocar uma guerra, citava Beatles e foi condenado à prisão perpétua. Coordena um grupo ambiental pela cadeia. 
Bandido da Luz Vermelha
Editora Globo
Foto: Reprodução
Acácio Pereira da Costa foi provavelmente o criminoso mais conhecido do Brasil. O Bandido da Luz Vermelha não se encaixa na descrição típica de serial killer. Foi condenado por quatro assassinatos, sete tentativas e 77 assaltos e ainda há suspeitas de que tenha cometido estupro de algumas vítimas. Ele cobria o rosto com um lenço e invadia casas para roubar. Preso em 1977, foi libertado em 1997. Ganhou relativa fama, anda pelas ruas com roupa vermelha e, quando as pessoas lhe pediam autógrafo, escrevia apenas “autógrafo”. Foi assassinado em 1998. 
Aileen Wuornos
Editora Globo
Foto: Reprodução
A assassina que inspirou o filme “Monster” (Desejo Assassino), nasceu em 1957 nos Estados Unidos, teve uma infância difícil e sofreu abusos. Engravidou do próprio irmão, deu o filho para adoção e passou a cometer assaltos para sobreviver. Passou quatro anos vivendo com uma mulher e seu primeiro assassinato foi cometido contra um homem que a estuprou. Depois, passou a carregar sempre uma arma na bolsa para vingar-se dos homens com os quais se envolvia. Confessou sete mortes e foi executada em 2002. 


Alexander Pichushkin

Editora Globo
Foto: Reprodução
Nascido em 1974, o russo começou sua onda de mortes aos 18 anos ao empurra um colega de escola pela janela. A polícia demorou 14 anos para desvendar seus 63 crimes. Quando ela finalmente invadiu seu apartamento encontrou um tabuleiro de xadrez onde havia um número para cada vítima, seu plano era assassinar 64 pessoas. A maioria de suas vítimas eram homens, idosos e homossexuais. Quando foi descoberto, não ofereceu resistência e disse que a polícia não encontrou todos os corpos de suas vítimas por incompetência. Seu desejo era ser o maior assassino russo. 
Maníaco do Parque
Editora Globo
Foto: Reprodução/ O Globo

Francisco de Assis Pereira, estuprou, torturou e assassinou ao menos oito mulheres e atacou outras nove em 1998 no Parque do Estado em São Paulo. Existem especulações sobre o maníaco ter sofrido diversos tipos abusos durante a infância e sentir dor durante o sexo. Francisco atraia as mulheres com elogios e promessas falsas sobre um trabalho de modelo, conseguia fazer com que elas fossem para o meio do parque na garupa de sua moto . Condenado e preso, o local onde cumpre pena não é revelado pela polícia e pode ter ser casado com uma das mulheres que lhe enviavam cartas de amor na prisão.



Assassino do Zodíaco 

Considerado um crime perfeito até agora, seu autor nunca foi descoberto. Ao menos cinco vítimas são atribuídas ao Zodíaco. Os crimes ocorreram no final da década de 1960 na Califórnia. O suposto autor nomeou-se “Zodiac”por meio de cartas criptografadas que enviava à polícia, algumas nunca foram decifradas. O caso foi reaberto em 2007 e inspirou o filme Zodíaco, de David Fincher. 

Henri Lee Lucas

Editora Globo
Lee e Ottis // Foto: Reprodução
Acusado de mais de 200 assassinatos, o norte-americano Henri Lee, teria cometido a maioria dos crimes entre 1975 e 1983. Vítima de maus tratos e abusos pela mãe, foi obrigado por ela a se vestir de menina e perdeu um olho por falta de cuidados médicos. Sua primeira morte aconteceu aos 15 anos. Foi preso e ,depois de solto, assassinou a mãe. Na década de 1970, Henri Lee envolveu-se com Ottis Toole, que passou a ser seu parceiro de crimes. Depois envolveu-se com a sobrinha de Ottis de 12 anos, sua última vítima. Praticante também de necrofilia, confessou cerca de 300 assassinatos e depois desmentiu alguns. A história verdadeira é desconhecida, já que vários crimes sem resolução pelos Estados Unidos foram atribuídos à ele. 


Pedro Alonso Lopez

Editora Globo
Foto: Reprodução
O colombiano nascido em 1948 pode ter matado mais de 300 pessoas em três países: Colômbia, Equador e Peru. Conhecido como “Monstro dos Andes”, quando pego em 1980, revelou à polícia o local onde estavam os corpos de 53 meninas equatorianas entre nove e doze anos. Expulso de casa pela mãe prostituta e acolhido por um pedófilo na infância, foi provavelmente o serial killer com o maior número de vítimas.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Bob Dylan recebe Medalha da Liberdade de Obama

Nesta terça-feira, o cantor Bob Dylan, de 70 anos, recebeu a Medalha da Liberdade pelas mãos do presidente Barack Obama na Casa Branca. A medalha é a maior honraria dada a um civil nos Estados Unidos. 

Considerado ícone do rock, com a premiação, Dylan também é oficialmente reconhecido com um indivíduo americano imprescindível aos interesses nacionais. De acordo com a Casa Branca, o cantor foi escolhido devido a sua ligação ao movimento da Canção de Protesto da década de 60. Dylan, assim como Donovan e Joan Baez, foi um dos artistas que fez da música uma arma de protesto contra a Guerra do Vietnã, o preconceito racial e as desigualdades civis que marcavam a história do país norte-americano nos anos 60.

Com o objetivo de resgatar as histórias do singular cantor, o Lugar de Memória foi atrás das curiosidades desse artista militante. Abaixo, as canções que reservaram a Dylan um lugar permanente na história da música.

                                                                                                      (Foto: AP/Carolyn Kaster)


- Robert Zimmerman, como foi batizado, nasceu em 24 de maio de 1941, em Duluth, Minnesota. Surgiu na cena "folk" no começo da década de 1960, no Greenwich Village (bairro boêmio de Nova York), com canções que falavam de política e direitos civis.
- Suas canções mais conhecidas são "Like a Rolling Stone", "Blowin' in the Wind," "The Times They Are a-Changin" e "All Along the Watchtower".
- Dylan chocou alguns fãs por se "ficar elétrico" em 1965 e foi vaiado em 1966 durante um show na Grã-Bretanha. Mas três de seus discos daquela época, "Bringing It All Back Home", "Highway 61 Revisted" e "Blonde on Blonde", são considerados clássicos da história do rock.
- Em 1966, sofreu um acidente de moto e foi morar em Woodstock, Estado de Nova York. Passou vários anos sem ser visto em público e gravou "The Basement Tapes" ("fitas do porão") com sua banda, chamada The Band. Não se apresentou no festival de Woodstock, em 1969.
- "Knockin' on Heavens Door" foi escrita em 1973 para o filme "Garrett & Billy the Kid", de Sam Peckinpah, que o próprio Dylan estrelou ao lado de Kris Kristofferson e James Coburn. A canção já foi gravada por mais de cem artistas.
- Em 2000, recebeu o Oscar de melhor canção por "Things Have Changed", incluída na trilha de "Garotos Incríveis."
- Em 1997, tocou para João Paulo 2o durante a Conferência Eucarística Mundial, na Itália. O papa dormiu.
- "Bob libertava a mente da gente do mesmo jeito que Elvis libertava o corpo", disse Bruce Springsteen num discurso em que introduziu Dylan no Hall da Fama do Rock and Roll, em 1988.

(Reportagem de Angus MacSwan republicada no Jornal O Globo em 29 de fevereiro de 2008 )









segunda-feira, 28 de maio de 2012

O fenômeno Trânsito de Vênus poderá ser visto em algumas partes da Terra

Para os amantes do céu, nos dias 05 e 06 de junho, vai haver o último trânsito de Vênus em mais de cem anos.  O fenômeno resume-se a uma passagem do planeta Vênus em frente ao Sol, ocultando uma pequena parte do disco solar. O evento assemelha-se ao eclipse solar pela lua. No entanto, apesar do diâmetro do planeta ser quatro vezes menor que a do satélite terrestre, durante a passagem, Vênus parece ser muito menor. (Veja alguns lugares da Terra que o fenômeno poderá ser observado)



A passagem pode ser vista em algumas partes do planeta e durará em torno de 7 horas algumas horas. Em 2014, teve duração de 6 horas. para os astrônomos,  a passagem do planeta está entre os menos previsíveis fenômenos astronômicos. A média entre um acontecimento e outro é de 243 anos, tendo intervalos regulares de 121,5 e 105,5 anos. A diferença é explicada pelo períodos orbitais da Terra e de Vênus.

O que hoje é visto com curiosidade, ao longo da história, o fenômeno  foi fundamental para as descobertas e entendimentos da civilização. Os primeiros movimentos do planeta foram detectados pelos egípcios, babilônicos, chineses e gregos. Aos últimos, coube o questionamento se o planeta, devido às aparições à tarde e pela manhã, seria na verdade dois corpos. Foi Pitágoras o primeiro a compreender que se tratava de um único planeta.

Vênus também esteve presente na cultura dos Maias. A antiga civilização americana chamava o planeta de Noh Ek, a “Grande Estrela”, ou Xux Ek, a “Estrela Vespa”. Os Maias registraram o ciclo completo de Vênus no Dresden Codex - livro maia pré-colombiano do século XI ou XII -, mas, apesar do conhecimento preciso do seu curso, ainda não tinham feito menção sobre o movimento próximo ao sol.

O crédito sobre o trânsito de Vênus é dado a estudiosos islâmicos medievais. O sábio persa Avicena afirma, em uma de suas escrituras, ter visto o fenômeno no dia 24 de maio de 1032. Ele usou o percurso para justificar que o planeta estava, em alguns momentos, abaixo do sol. No século XII, o astrônomo Andaluz Ibn Bajjah informou ter visto uma mancha no sol. Seria um indicio do fenômeno? Para os astrônomos atuais, não seria possível, porque o trânsito de Vênus não ocorreu durante a vida de Bajjah.

Coube ao inglês Jeremiah Horrocks a primeira observação científica de um trânsito de Vênus. O feito foi realizado na sua residência em Carr House no dia 04 de dezembro de 1639. A partir das observações, Horrocks conseguiu fazer um estudo bem fundamentado da estimativa do tamanho de Vênus e da distância entre a Terra e o Sol.

Após os feitos do inglês, o fenômenos seria utilizado, em diversos momentos, para grandes descobertas. O trânsito permitiria mais tarde o cálculo da distância do Sistema Solar, por meio do método da paralaxe*, além da elaboração da Terceira Lei de Kepler**.

* Em astronomia, paralaxe designa o deslocamento aparente de um objeto, causado pelo deslocamento do observador.
** A Terceira Lei de Kepler afirma que quanto mais distante um planeta estiver do sol, mais tempo levará para dar uma volta ao redor da estrela.

Para um maior entendimento desse e de outros fenômenos, sugiro a leitura do livro Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu da autora Andrea Wulf.
Abaixo, uma sinopse da obra.


Sinopse - Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu - Andrea Wulf
Nos dias 5 e 6 de junho de 2012. haverá o último trânsito de Vênus em mais de cem anos, visível em  algumas regiões do Brasil. Esse é um dos mais raros eventos astronômicos que podemos prever e foi um dos momentos mais fundamentais para os homens do século XVIII. A partir de extensa pesquisa de documentos e imagens, Andrea Wulf mostra como centenas de astrônomos, mergulhados no espírito do Iluminismo, cruzaram mares e enfrentaram toda sorte de adversidades em nome da ciência. O que veremos em junho terá um gostinho especial depois de sabermos o que esses cientistas aventureiros tiveram que fazer para que hoje conhecêssemos um pouco mais do nosso sistema solar.




sexta-feira, 25 de maio de 2012

Alerta aos bebuns: Consumo de álcool puro chega a quase 7 litros por pessoa no Brasil



Uma recente pesquisa publicada pela a Agência de notícia EFE revela um aumento no consumo de bebidas alcoólicas na América Latina. De acordo com os estudos, os brasileiros estão em segundo lugar, na região, no consumo de álcool, ficando atrás somente da Venezuela e da Republicana Dominicana. A média de consumo nacional é de 6,9 litros de álcool puro durante o ano, enquanto os Venezuelanos seriam responsáveis por beber 8,9 litros de álcool anuais e os dominicanos (perdão do informalismo) enchem a cara bebendo 8 litros da substância.

Ainda segundo o estudo, o continente europeu seria o maior consumidor da bebida em seus variantes (cerveja, vinho, vodca etc) com 13 litros de álcool puro no ano. Os Estados Unidos ficou com a medalha de prata com 9,8 litros.

Não há como não pensar na bebida alcoólica, hoje, como uma grande vilã dos tempos modernos. Ela vicia, engorda, além de ser a responsável por acidentes de trânsito.  Obviamente o ator de beber não deve ser condenado como um grande mal, e sim a forma de consumo. Por isso, fui atrás da história do consumo no Brasil e também no mundo (a última revelada em uma interessante matéria da Revista Superinteressante, que pode ser conferida mais abaixo).


Aproveite e leia essa matéria ouvindo a prece do bêbado.



A bebida alcoólica no Brasil

Ao chegar ao recém-descoberto Brasil, os portugueses que já mantinham o hábito de consumir vinho e cerveja, conheceram o costume indígena de produzir e consumir uma forte bebida produzida da mandioca conhecida como Cauim. O entorpecente era consumido em rituais e festas. E logo passou a virar uma febre entre os europeus. Uma febre que foi passageira, porque nenhuma bebida teria tanto apelo no país quanto à próxima criação em terras nacionais: a cachaça.

Durante o processo de produção do açúcar, com o mosto (caldo criado durante o processo de fermentação), os colonizadores descobriram um espécie de melaço que passou a ser colocado no cocho para consumo de animais e escravos. O espesso líquido era chamado  usualmente de Cagaça. 

Com a exposição ao clima e a ação do tempo, a Cagaça sofria um processo de fermentação  que aumentava o teor de álcool da bebida. Certo dia, morto de sede um escravo teria experimentado a bebida, ficando em seguida em um estágio de torpor e frenesi. Em pouco tempo, a aguardente, ou melhor,  a cachaça seria presença em todo o país.

Há também outras teorias sobre o surgimento da bebida.  O site Brasil Escola narra histórias curiosas sobre a criação da bebida.

Certa vez, os escravos misturaram um melaço velho e fermentado com um melaço fabricado no dia seguinte. Nessa mistura, acabaram fazendo com que o álcool presente no melaço velho evaporasse e formasse gotículas no teto do engenho. Na medida em que o liquido pingava em suas cabeças e iam até a direção da boca, os escravos experimentavam a bebida que teria o nome de “pinga”.

Nessa mesma situação, a cachaça que pingava do teto atingia em cheio os ferimentos que os escravos tinham nas costas, por conta das punições físicas que sofriam. O ardor causado pelo contato dos ferimentos com a cachaça teria dado o nome de “aguardente” para esse mesmo derivado da cana de açúcar. Essa seria a explicação para o descobrimento dessa bebida tipicamente brasileira.

Inicialmente, a pinga aparecia descrita em alguns relatos do século XVI como uma espécie de “vinho de cana” somente consumida pelos escravos e nativos. Entretanto, na medida em que a popularização da bebida se dava, os colonizadores começaram a substituir as caras bebidas importadas da Europa pelo consumo da popular e acessível cachaça. Atualmente, essa bebida destilada é exportada para vários lugares do mundo







Dez mil anos de pileque - a história da bebida
Por Bruno Garattoni / Revista Superinteressante


Um belo dia, alguém descobriu que era possível reaproveitar as sementes das plantas para fazer novas plantas. Nascia a agricultura, e com ela a bebida. A primeira poção alcoólica foi preparada na China, por volta do ano 8000 a.C. A análise de jarros encontrados em Jiahu, no norte do país, mostrou que eles continham um drinque feito de arroz, mel, uvas e um tipo de cereja, tudo fermentado. Não se sabe exatamente a graduação alcoólica dessa poção, mas uma experiência revelou pistas. “Fica entre acerveja e o vinho”, revela o arqueólogo e químico Patrick McGovern, da Universidade da Pensilvânia, que reproduziu a receita em laboratório e achou o resultado um pouco amargo. A civilização dos sumérios (na confluência dos rios Tigre e Eufrates, atual Iraque) aperfeiçoou a fórmula e criou 19 tipos de bebida alcoólica – 16 deles à base de trigo e cevada. Estava criada a cerveja. Era uma bebida de elite, que os aristocratas sumérios bebiam com canudinhos de ouro. Mas logo chegaria ao povão. Cada um dos trabalhadores que construíram as pirâmides de Gizé, no Egito, ganhava 5 litros de cerveja por dia. Ela era considerada “pão líquido”, um alimento fundamental para que os operários agüentassem uma jornada puxadíssima – e cujas propriedades embriagantes ajudavam a contentar a massa. Dois mil e quinhentos anos antes de Cristo, encher a cara de cerveja já havia se tornado um hábito comum. Talvez por isso, a elite tenha começado a migrar para outro tipo de bebida alcoólica: o vinho. O rei Tutancâmon, que morreu em 1300 a.C., foi sepultado com nada menos que 26 jarras de vinho, de 15 tipos diferentes, para não passar vontade no além (os egípcios acreditavam em vida após a morte). E a manguaça pegou. “Por volta do ano 1000 a.C., o álcool já era consumido por todas as civilizações, da África à Ásia”, afirma o inglês Iain Gately em seu livro Drink: A Cultural History of Alcohol (“Drinque: Uma História Cultural do Álcool”, sem versão em português). Os gregos cultivavam nada menos que 60 variedades de vinho, e até chegaram a inventar um jogo baseado nele. Era o kottabos, que consistia em despejar numa vasilha o restinho de bebida que sobrasse no copo. Se o líquido não estalasse ao bater na vasilha, isso significava que Afrodite, a deusa do amor, estava de mal com o pinguço.
Em Roma, o vinho adquiriu relevância geopolítica. Ele passou a ser produzido em grande escala, pois sua exportação era vital para manter a estabilidade nas províncias do império. E os soldados romanos, que levavam a bebida para desinfetar a água dos lugares por onde passavam, logo descobriram outra grande utilidade do álcool: ele podia servir como uma espécie de arma química contra os inimigos. Quando chegavam a territórios que desejavam conquistar, uma de suas estratégias era fingir amizade e dar vinho para os povos locais beberem. No dia seguinte, quando as vítimas estavam acordando de ressaca, os romanos voltavam e faziam um massacre. “Se você estimular que eles [os inimigos] bebam em excesso, e der a eles quanta bebida quiserem, será mais fácil derrotá-los”, ensinou o historiador romano Tácito. Mas o álcool não servia apenas para incapacitar as pessoas. Ele também era considerado um remédio. No século 14, a peste negra se espalhava pela Europa, matando 90% das pessoas que infectava. Mas ,quando a epidemia chegou à cidade de Oudenburg, na Bélgica, o abade local proibiu oconsumo de água e obrigou os cristãos a beber só cerveja. Por incrível que pareça, deu certo: muitos deles sobreviveram à peste (pois a cerveja, graças ao álcool, era menos contaminada que a água). O abade foi canonizado, e virou o padroeiro da cerveja – santo Arnoldo.
Com o fim da epidemia, a Europa se recuperou e uma nova aventura começou a se delinear – as Grandes Navegações. Nelas, mais uma vez, o álcool teve um papel central. A expedição comandada pelo português Fernão de Magalhães conseguiu dar, pela primeira vez na história, uma volta completa no globo terrestre. Foi um enorme porre: Magalhães investiu mais em bebida do que em armas, e sua esquadra de 5 navios carregava um gigantesco suprimento de vinho (cujo valor seria suficiente para comprar mais duas caravelas). Já o navio Arbella, no qual os ingleses foram colonizar a América, levava inacreditáveis 40 mil litros de cerveja e 40 mil litros de vinho – contra apenas 12 mil litros de água. Nenhum navegador que se prezasse entrava no mar sem o “tanque cheio”.
Nessa mesma época, a produção de cachaça foi proibida no Brasil, pois Portugal queria garantir o mercado local para seus vinhos. Aí os senhores de engenho começaram a exportar, clandestinamente, abebida para Angola – onde era trocada por escravos. Os ingleses também faziam isso, e muito: entre 1680 e 1713, trocaram 5,2 milhões de litros de bebida por 60 mil africanos (cada escravo valia 86 litros de rum, o que dá R$ 850 em valores atuais). Mas ela não foi só moeda de troca da escravidão; também ajudou o Novo Mundo a se libertar. Em 1764, a Inglaterra restringiu o comércio de bebida alcoólica, que os colonos americanos importavam e exportavam em grande quantidade. Isso gerou uma insatisfação que viria a explodir, 11 anos mais tarde, numa guerra. Liderados pelo general George Washington, que era dono de uma fábrica de uísque, os soldados americanos se embebedavam durante o combate – cada um tomava 1 litro de rum por dia. Em 1776, a Declaração de Independência dos EUA foi escrita por Thomas Jefferson num bar – e o primeiro a assiná-la foi um contrabandista de vinho, John Hancock.
Mulheres unidas pelo goró
A Revolução Industrial mudou completamente a fabricação de bebidas: elas ficaram mais baratas e passaram a ser produzidas (e consumidas) em enorme quantidade. Em 1830, cada americano entornava o equivalente a 10 litros de álcool puro por ano, nível superior ao de hoje (8,5 litros). É muita coisa: dá 250 litros de cerveja ou 90 de vinho. Foi aí que o alcoolismo, até então apenas uma inconveniência, passou a ser visto como doença séria – e surgiram as primeiras campanhas e associações contra abebida, que rapidamente conquistaram mais de 500 mil adeptos nos EUA. Alheio a tudo isso, na França, o químico Louis Pasteur estava prestes a fazer uma dos maiores invenções da história. Tentando entender a transformação do açúcar em álcool, ele acabou descobrindo uma técnica revolucionária: a pasteurização, que hoje em dia é usada na produção de leite, iogurte, sorvete e sucos industrializados. Ou seja: se Pasteur não tivesse se metido a estudar o goró (ele publicou dois livros sobre a biologia dovinho e da cerveja), os alimentos do mundo moderno seriam bem diferentes. No começo do século 20, os impostos sobre bebidas alcoólicas eram responsáveis por mais de 50% da arrecadação do governo dos EUA. Mesmo assim o país decidiu instituir, em janeiro de 1920, a lei seca – e as pessoas migraram para bares clandestinos. Isso aumentou a criminalidade e fortaleceu as máfias, mas, por incrível que pareça, teve uma conseqüência positiva: consolidou a igualdade de direitos entre os sexos e mostrou a força dos movimentos feministas. “Durante a lei seca, a presença de mulheres nos bares deixou de ser um tabu”, conta Iain Gately. Elas se mobilizaram para legalizar a prática: em 1932, mais de 1 milhão de americanas já tinham se associado à Women’s Organization for National Proibition Reform (algo como “Liga das Mulheres Contra a Lei Seca”). Adivinhe só o que aconteceu: no ano seguinte, a lei seca foi revogada.
Na 2º Guerra Mundial, o fluxo de álcool refletia a ação no front. Assim que dominaram a França, os alemães foram com sede ao pote – as vinícolas de Borgonha, de Bordeaux e de Champagne passaram ao controle dos nazistas. Na Inglaterra, a situação também era dramática: Hitler bombardeou 6 grandes cervejarias (inclusive uma fábrica da famosa Guinness) e destruiu nada menos que 1 300 pubs. Quando o jogo começou a virar a favor dos Aliados, com dificuldades cada vez maiores para os nazistas, a cerveja alemã paga o pato. Sua graduação alcoólica, que antes da guerra era em média de 4,8%, cai para 1,2% em 1943. Em 1944, os alemães param de fabricar cerveja. E, no ano seguinte, perdem a guerra. Com o fim do conflito, começava a Guerra Fria – em que, adivinhe só, a URSS tentou usar o álcool como arma. Os soviéticos criaram um comprimido que supostamente impedia a embriaguez. A idéia era que os espiões russos tomassem esse remédio e fossem encher a cara com diplomatas americanos – que, completamente bêbados, acabariam revelando segredos de Estado. Não deu muito certo (as cobaias ficaram bêbadas), e hoje em dia o remédio é vendido como “atenuador de ressacas”. Falando em ressaca, a busca por uma cura definitiva chegou a duas propostas. Um composto químico chamado Ro15-4513, que foi criado na década de 1970, e a Alcohol Without Liquid (AWOL), uma máquina que destila e vaporiza bebidas alcoólicas – a idéia é que, se o álcool for inalado, não passa pelo estômago e não produz acetaldeído (substância que é uma das principais causadoras da ressaca). Nada disso funcionou. O Ro15-4513 não está no mercado porque tem uma pequena “inconveniência”: pode provocar convulsões. E a AWOL já foi proibida em vários estados americanos porque é considerada ineficaz e perigosa – como por via nasal a bebida é absorvida mais facilmente pelo organismo e a pessoa não vomita quando está intoxicada, isso aumenta muito o risco de overdose de álcool. Não há solução mágica. A única saída é beber menos, não beber, ou então invejar o musaranho asiático: um bichinho que vive nas florestas da Malásia e, como comprovam pesquisas recém-publicadas, consegue enfiar o pé na jaca sem nunca ficar bêbado (seu único alimento é um néctar que contém 3,8% de álcool). Será que ele passaria no teste do bafômetro?
No século 16, a Inglaterra tinha 16 mil bares o equivalente a 1 bar para cada 187 habitantes hoje, existe apenas 1 bar para cada 529 pessoas
No mundo, cada pessoa consome em média 5 litros de álcool puro por ano o equivalente a 125 l decerveja 45 l de vinho 12,5 l de vodca
A Declaração de Independência dos EUA, no século 18, foi escrita num bar.
Os países onde mais se bebe são: República Checa (cerveja) França (vinho) Moldávia (vodca e destilados).




quinta-feira, 24 de maio de 2012

Livro investiga a morte de Pablo Neruda



Há 39 anos, o poeta e diplomata Pablo Neruda morria em um quarto de um hospital em Santiago. O laudo médico indicava como motivo do falecimento um câncer na próstata. No entanto, para o jornalista espanhol Mario Amorós, ainda existem muitos questionamentos a serem feitos sobre a morte de um dos maiores nomes da literatura mundial. 

No livro "Sombra sobre Isla Negra", em nove capítulos, o jornalista retorna no tempo fatídico da ditadura Chilena. A partir de testemunhos e fatos históricos, Amóros retrata um Chile de sangue e de silêncio nascido da derrocada do presidente Salvador Allende e da ascensão de uma junta militar encabeçada pelo general Augusto Pinochet.

Dentro do contexto da ditadura, o jornalista recria as circunstâncias que teriam culminado no fatídico dia 23 de setembro de 1973. Para Amáron, a morte de Neruda se assemelha a de outros militantes políticos assassinados pelo regime. No livro, o autor ressalta que o poeta faleceu na Clínica de Santa Maria, a mesma que o ex-presidente chileno Eduardo Frei Montalva seria assassinado dez anos depois.

Como político, Neruda acreditava no sonho de uma América Latina mais igualitária. Nas eleições presidenciais do início de 70, o vencedor do Nobel de Literatura abriu mão de sua candidatura à presidência para que Salvador Allende pudesse vencer e implementar o socialismo no Chile.

Para o jornalista Mario Amorós, mesmo que a ditadura de Pinochet não possa ser incriminada pelo assassinato direto do escritor, ela ainda assim pode ser condenada pela morte de Neruda por meio do desgosto infligido ao poeta ao ver o massacre do regime sob o povo chileno.

Abaixo, coloco uma das poesias de Neruda que me encanta desde a minha juventude.



Morre lentamente,

quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente,

quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente ,
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,

quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente,

quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e
os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente,

quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente,

quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente,

quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece,
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.


Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.

Pablo Neruda 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O primeiro QI da história do Brasil


No primeiro documento da história do país já se vê o pedido de nomeação de um parente, o famoso Quem Indica. A célebre carta do escrivão Pero Vaz de Caminha, na qual ele se rasga de elogios as belezas naturais da nova terra, teria, na verdade, a intenção de pedir ao rei um emprego a seu genro.

Conforme revela o antropólogo Roberto DaMatta, os elogios do escrivão tinham o intuito  de preparar taticamente o espirito do rei, predispondo sua boa-vontade. Para o autor, o pedido daria início a um processo de males sociais nacionais, como o clientelismo, o nepotismo e o corporativismo.

Confira, abaixo, o trecho da carta do escrivão.

" E nessa maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, pois o desejo que tinha de tudo vos dizer mo fez por assim pelo miúdo. (...) Vossa alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer graça especial, mande vir da Ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro - o que dela receberei em muita mercê.

Pero Vaz  de Caminha, 
em 1 de maio de  1500

domingo, 20 de maio de 2012

Tribalista uma velha saudade

Surgido dos sonhos de três grandes músicos brasileiros, o grupo Musical Tribalistas marcou presença no cenário musical brasileiro, em 2002, com sucessos como Velha Infância, Já sei namorar e É você.



Não foi com data e hora marcada que o  fenômeno Tribalistas surgiu. Fora de um projeto musical, o grupo foi criado a partir das aspirações de três grandes músicos brasileiros: Marisa Montes, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Do trio nasceu um único álbum que estourou no país com mais de 1,5 milhões de discos vendidos no Brasil e 700 mil no exterior, ao ser lançado no ano seguinte, do lançamento no país, em 2003.
O sucesso de vendas e de críticas levou a cinco indicações ao Grammy Latino,  sendo ganhador em um delas como melhor álbum pop brasileiro. Além de ser vencedor em outras premiações, como o Troféu imprensa por melhor álbum, música, canção brasileira entre outros.

A ideia do grupo surgiu quando Marisa Montes foi fazer uma participação no álbum que seria lançado por Arnaldo Antunes, produzido por Carlinhos Brown. O trio ficou junto por quase uma semana na produção do álbum de Arnaldo. Entre uma gravação e outra do disco, o trio, sem pretensões de um projeto futuro, divertia-se criando novas canções. Ao deixarem a Bahia, local que o álbum de Arnaldo estava sendo produzido, os três perceberam que o material extra feito poderia ser gravado pelos três juntos. Após muitas reuniões. se deveriam ou não fazer do divertimento um projeto, os três músicos decidiram lançar o álbum Tribalistas.

O nome, que intitulou o cd e o grupo, veio da ideia de unir os três (tri) em uma mesmo tribo. Daí Tribalistas. Mas apesar de ter surgido da uma ideia conjunta, o grupo musical não tinha pretensões de estender a parceria. Nunca houve uma turnê de divulgação do disco e raríssima foram as apresentações do grupo. Sendo uma na apresentação do Grammy,  outra no Sarau do Brown, no qual foram vaiados por cantar somente duas canções do disco, e ainda uma última participação na gravação do DVD em estúdio.

Para aqueles que sentem saudades das canções de letras fáceis, sinceras e dos arranjos simples, vale a compra do disco que ainda é vendido ou a lembrança das músicas nas novelas que são constantemente reprisadas na sessão da tarde.

Confira alguns sucessos do trio que embalaram as novelas.







quinta-feira, 17 de maio de 2012

Aral, o mar que agoniza

Nesta semana, o jornal O Globo publicou uma reportagem intitulada " A Guerra da água no teto do mundo". O texto do jornalista Cesar Baima prenuncia um possível conflito na superpovoada Ásia, por conta de interesses imperialistas da China de mudar o curso de 5 dos maiores rios , todos com nascentes no Planalto do Tibete. O plano da super potência engloba a construção de dezenas de represas que possibilitem a irrigação das grandes plantações chinesas em prejuízo ao vizinhos, que podem acabar morrendo de sede e consequentemente de fome.

Não é a primeira vez na história que interesses imperialistas, coadunados com a ausência de um tratado internacional, colocam o mundo sob a ameaça de um conflito, ao mesmo tempo que põe em risco o precioso recurso natural. Na década de 60, considerado, até então, o quarto maior mar interno do mundo, o Mar de Aral sucumbiu diante das alterações de cursos dos rios feitas pela União Soviética para o projeto de plantio de algodão. Hoje, constitui-se menos de dois terços do que já foi.

Situado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, em 1960, o Mar de Aral ocupava uma área equivalente ao estado do Rio de Janeiro acrescido do estado de Alagoas, algo equivalente a 68.300 Km2. Era visto como um verdadeiro Oásis no meio do deserto, porque antes de ser chamado de mar, Aral era um lago que abrigava 178 espécies de animais. 

O começo da agonia

A diminuição progressiva do mar de Aral
A diminuição progressiva do mar de Aral

O fim do mar de Aral deu-se no começo da década de 1930, quando os governantes soviéticos decidiram transformar a área em uma produtora de algodão, com aplicação extensa de agrotóxico e substâncias para desfolhar as plantas. 


O uso desenfreado de insumos agrícolas promoveu um elevado volume de mortalidade infantil proveniente de doenças que foram passadas de forma hereditária, sem contar a perda de vidas selvagens, como peixes e outros inúmeros animais que habitavam as margens. 


Além disso, com a erosão e a retirada exagerada de água, o Aral passou a receber anualmente 60 milhões de toneladas de sal carregadas pelos rios, matando peixes e, por conseqüência, a indústria pesqueira que um dia existiu na região e sustentou a economia local. O sal e os pesticidas agrícolas se infiltraram no solo  contaminando os lençóis freáticos, o que acabou tornando impossível a lavoura nas mediações.

Diante do deserto que hoje abriga embarcações, que um dia navegaram pela região, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse  que o ressecamento do mar de Aral é um dos desastres ambientais mais chocantes do mundo. Se atitudes conscientes em escala mundial não forem tomadas, o cenário de horror, promovido por interesses de uns, alcançará a todos sem distinção.

Camelos caminham diante de embarcação encalhada nas areias do deserto