Foto: Maria de Gala
Situado no centro da floresta da Tijuca, com uma das
melhores vistas da cidade do Rio de Janeiro, o Hotel das Paineiras, antigo
recinto da alta sociedade, é, há 27 anos, a representação do abandono para
turistas e curiosos que visitam o local à procura do glamour vivido no século
passado.
Inaugurado, em nove de outubro 1884, pelo imperador
Dom Pedro II, o hotel construído pela empresa Light tinha a pretensão de ser
reduto da alta sociedade brasileira que se consolidava na transição da
monarquia para a república. Durante muito tempo manteve o status de cinco
estrelas e de principal concorrente do luxuoso Copacabana Palace. Sendo recinto
para famosos hóspedes como a atriz francesa Sarah Bernhard; os ex-presidentes
Washington Luís, Café Filho e Getúlio Vargas; além a tricampeã seleção
brasileira de 70.
Mas, dos áureos tempos, quase nada resta. Poucos são
aqueles que se arriscam a andar pelas varandas esburacadas e pelos pátios
cobertos de limo, áreas nas quais são autorizadas às visitações.
Na parte interna, o tempo não foi mais piedoso. Logo
no hall de entrada restos de móveis e
entulhos dificultam a passagem. O teto
que abrigava lustres e detalhes arquitetônicos, hoje, apresenta perigo com
pedaços de rebocos que caem de forma inesperada. Das luxuosas escadas, que dão
acesso ao segundo e terceiro andar, pouco resta dos dourados corrimões e dos tapetes
vermelhos além do tom desbotado pelo mofo e pela poeira acumulada em quase três
décadas.
A situação é
ainda mais precária nos 36 apartamentos, 10 deles conjugados de 2 quartos, que
constituem os andares superiores. No lugar de hóspedes, aranhas,
porcos-espinhos e cobras habitam no lixo acumulado que cobre quartos e
corredores.
De acordo com o historiador da
PUC-Rio Antônio Edmilson, a decadência do Hotel das Paineiras pode ser
explicada pela escalada da violência na região e pela crise econômica pela qual
o país passava na década de 70 que acabaram afastando os hóspedes da região.
– A decadência se dá pelo aumento da violência,
pela ocupação das áreas altas por favelas. Esses motivos resultaram na perda dos atrativos da
região. Em substituição, o público acabou atraído por hospedagens de
requintes da Região Serrana – explica o professor.
Com o fim da concessão da empresa Light, em 70, o
hotel voltou para a União que não via como investir no local. Em 1984, a Universidade
Veiga de Almeida chegou a arrendar o imóvel sendo responsável por algumas
reformas na estrutura, mas o custo da manutenção era elevado. Mais uma vez, o
hotel tinha o fim traçado ao esquecimento.
Desde então o hotel permanece fechado. As visitações
são restritas às áreas externas. Mas com a proximidade da Copa do mundo de
2014, o hotel tem a chance de reabrir suas portas. No final do ano passado, o
governo federal abriu processo de licitação para as empresas que desejarem
investir no local. Os interessados deverão desembolsar a quantia mínima de 40
milhões de reais. Investimento que é
ansiosamente aguardado pelos admiradores.
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