domingo, 15 de abril de 2012

Dossiê Titanic - 100 anos do Desastre




15 de abril de 1912. O maior e mais luxuoso navio de passageiros construído na época bate em um iceberg e afunda nas gélidas águas do Atlântico Norte. Mil e quinhentas pessoas morreriam naquele dia em uma das maiores tragédias marítimas da história. 


O ano de 2012 marca o centenário da tragédia doTitanic, mas é também uma lembrança de que mesmo com os avanços na area da tecnologia e de segurança dos navios, não estamos livres de tragédias no mar. O naufrágio do navio de viagem Costa Condórdia, no começo deste ano, colocou em xeque a superação do maior dasastre marítimo.

A viagem do Titanic ,até seu trágico destino, começou  cinco dias antes no porto de Queenstown(hoje Cobh), na Irlanda. Sob o comando do comodoro da White Star line, Edward John Smith, um dos mais experientes e respeitáveis oficias da marinha, o grandioso navio partiu, no dia 11 de abril, da Europa, em meio a um clima de festa, com destino final em Nova York, Estados Unidos. Trajetória de ida e volta que se acreditava ser completada em 18 dias.




Apesar da certeza da imprensa e da população de que a embarcação era uma das obras mais perfeitas já construídas, um dia antes, de levantar âncora oficialmente, o Titanic teria o seu primeiro incidente. Ao sair do porto, no sul da Inglaterra, em Southampton, o movimento das águas provocado pelo deslocamento do casco rompeu as amarras de um navio menor que foi aspirado pelo transatlântico. A embarcação só não foi destruída por causa das habilidades de um capitão que guiava um dos rebocadores que puxava o grandioso navio.

Mas nada iria abalar o deslumbramento das 2.208 pessoas, entre passageiros e tripulantes, que subiram a bordo. Divididos em três classes,  os viajantes se viram diante de um luxuoso hotel flutuante, no qual mesmo as acomodações mais modestas refletiam a ostentação e riquezas de uma mega construção. O Titanic dispunha de nada menos que sete conveses principais, denominados por letras, algo inimaginável até então.




Segundo reportagem de Paul Roger, publicado na Revista História Viva, nos conveses D, E, F e G estavam localizados os 297 compartimentos da terceira classe e o espaço reservado à tripulação, com um refeitório no convés F. No convés D ficavam os salões de refeição dos passageiros da primeira e da segunda classe, que dispunham de 267 cabines, ocupando praticamente um terço da parte traseira do navio. Os conveses A, B, C, D e F eram reservados à primeira classe e contavam com um saguão de acesso, um salão de refeição, salas para fumantes, biblioteca e convés-passeio. Além disso, a primeira classe dispunha de um ginásio, de uma piscina, de um jardim de inverno e de restaurante à la carte. 

Dentre os ilustres passageiros que formavam uma espécie de elite transatlântica estavam  o presidente da White Star, lorde Bruce Ismay; o major But, secretário pessoal do presidente dos Estados Unidos; o coronel Astor, um dos homens mais ricos da época; Benjamin Guggenheim, “o rei do cobre”; e Charles Melville Hays, presidente de uma empresa ferroviária canadense.


A diferença nas acomodações evidenciavam as delimitações e diferenças entre as três classes que ocupavam o transatlântico. Distinções que explicam os números de vítimas salvas no desastre.Dos números de passageiros resgatados:  203 de 325 da primeira classe foram salvos(62%), 118 de 285 da segunda (41%) e 178 de 706 da terceira classe (apenas 25%) com apenas um terço das crianças resgatadas.  O baixo número de salvamentos da última classe pode ser explicado em três aspectos:  no primeiro, do convés superior à terceira classe havia portas que permaneceram fechadas; segundo, a distância dos conveses inferiores aos superiores era muito grande; por fim, a língua também era um motivo de entrave para muitos que tentaram socorro. Vindos da Escandinávia ou do Leste Europeu, poucos passageiros da terceira classe falavam ou compreendiam o inglês.

"Rachado ao meio, ele afunda sob os olhares aterrorizados de quem tinha sobrevivido"




Um sonho que virou pesadelo. Era essa a constatação de muitos que voltaram a terra firme ainda sem acreditar no que havia acontecido. O navio que nem Deus poderia afundar, às 02h20, rachado ao meio, mergulhava por completo nas profundas e gélidas águas do Atlântico Norte na madrugada de 15 de abril de 1902.

O céu estava estrelado apesar de não haver lua, o que deixava uma imensa escuridão pela frente.  Foi com surpresa  que o vigia Frederick Fleet gritou para o colega Reginald Lee durante o seu turno no posto mais alto da embarcação."Minha Nossa! Um iceberg! Ali, bem em frente ...". Após a visão, uma espera de 37 segundos distanciava o Titanic do bloco de gelo de 18 metros. Por três vezes, Fleet tocou de forma desesperada o sino que avisava que um perigo estava adiante. Mensagem rapidamente capitada pelos oficiais em serviços e retransmitida para o oficial sênior Willian Murdoch, que no mesmo instante ordenou ao timoneiro: "tudo a bombordo!" (à esquerda). Murdoch em seguida chamou a sala de máquina: "motores à ré, força total!" Finalmente, usou o último recurso que dispunha e que havia dado fama ao transatlântico de inafundável, conforme revela a reportagem da revista História Viva.
"Em caso de emergência, 15  anteparas estanques se fechariam automaticamente, separando o casco do navio em 16 compartimentos, impedindo que a água inundasse toda a embarcação."




No entanto, nenhuma ação surtiu efeito e nada impediu que o lado direito do navio batesse no iceberg, e fosse raspado pelo gelo por cerca de 90 metros. Não houve rasgos, mas a pressão foi tamanha que as chapas de aços foram se soltando uma a uma, permitindo que a água entrasse nos compartimentos.

Acordado pelo tremor, cinco minutos depois, às 11h40, o comandante Edward John Smith correu até a ponte onde seria avisado sobre o que havia ocorrido. Imediatamente chamou um dos principais idealizadores e projetistas do Titanic, Thomas Andrews, para acompanhá-lo até a proa e ver a dimensão do danos. Ao retornarem, estava perceptível nas faces dos dois homens que era tarde demais. A partir de então, o comandante passa a contactar as embarcações mais próximas e preparar a evacuação.

A embarcação mais próxima era a do navio inglês Carpathia, que estava a 100 km do Titanic. Mesmo aumentando a velocidade o navio só conseguiria chegar dentro de cinco horas. Tal conta passou pela cabeça do comandante Smith que naquele momento refletiu que só havia botes suficientes para salvar metade da população a bordo, cerca de 1.178 lugares.

Somente pouco depois da meia-noite que os viajantes receberiam a informação de que o navio precisava ser evacuado. Notícia que foi recebida com incredulidade por muitos passageiros. Principalmente das classes A, que quase não tinha sentido o impacto.  No entanto, para a terceira classe a realidade era diferente. A batida havia sido mais intensa na parte inferior, fazendo com que alguns caíssem da cama. Logo após a batida, os conveses inferiores foram invadidos pela água.

Para diminuir o pânico, que começava a se formar no convés do navio, às 00h15, a orquestra de Wallace Hartley recebeu informações para que tocassem músicas alegres, que deveriam acalmar os passageiros. Missão que seria cumprida de modo profissional até o fim pelos 8 músicos.

Por volta de 01h20, o oceano já devorava as letras do nome da embarcação. Com a insuficiência dos barcos, a população começa a entrar em pânico. Os botes eram colocados com muita dificuldade na água graças a inclinação do navio e o desespero dos passageiros.  O décimo quarto barco, enquanto descia, quase foi invadido por homens nervosos. que só foram impedidos pela ação do tenente Lawrence. Para impedir a entrada dos homens, o tenente sacou sua arma e  deu três disparos para o alto, impedindo a invasão.

Pouco mais de 02 horas da manhã, o comandante Smith volta a tentar contactar navios e pedir ajuda. Dianta da impossibilidade do socorro rápido, ele decide dispensar os homens dos seus postos e permanecer à espera do fim irremediável. Talvez tenha passado na cabeça do comodoro, naquelas horas de aflição, que aquele era o seu destino. Pouco antes de assumir o Titanic, Smith já havia decidido que aquela seria a sua última viagem. De fato foi.




Às 02h18,  a água já tomava os andares do navio, as luzes piscavam sucessivamente até que, de repente, tudo ficou preto. Por trás dos gritos desesperados, ouvia-se um estranho barulho. Naquele momento, o navio se rompeu entre a terceira e a quarta chaminé. Com a tensão, o casco rasga-se  por completo e faz a popa levantar quase verticalmente.

Em poucos segundos, a última parte do Titanic, um dos mais suntuosos navio que já existiu, seria engolida pelo oceanos. "No bote nº 5, o terceiro-oficial Pitman notou que eram 2h20" da manhã do dia 15 de abril.

Somente às 04h30, o navio Carpathia chegaria  para fazer o primeiro resgate dos salva-vidas lançados ao mar. Das 2.208 pessoas que subiram ao bordo, no dia 11 de abril, somente 499 sobreviveriam para contar a trágica história do transatlântico.


Confira a história da última sobrevivente do Titanic


+ Twitter reproduz a história do desatre como se tivesse acontecido hoje através de posts

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