quinta-feira, 17 de maio de 2012

Aral, o mar que agoniza

Nesta semana, o jornal O Globo publicou uma reportagem intitulada " A Guerra da água no teto do mundo". O texto do jornalista Cesar Baima prenuncia um possível conflito na superpovoada Ásia, por conta de interesses imperialistas da China de mudar o curso de 5 dos maiores rios , todos com nascentes no Planalto do Tibete. O plano da super potência engloba a construção de dezenas de represas que possibilitem a irrigação das grandes plantações chinesas em prejuízo ao vizinhos, que podem acabar morrendo de sede e consequentemente de fome.

Não é a primeira vez na história que interesses imperialistas, coadunados com a ausência de um tratado internacional, colocam o mundo sob a ameaça de um conflito, ao mesmo tempo que põe em risco o precioso recurso natural. Na década de 60, considerado, até então, o quarto maior mar interno do mundo, o Mar de Aral sucumbiu diante das alterações de cursos dos rios feitas pela União Soviética para o projeto de plantio de algodão. Hoje, constitui-se menos de dois terços do que já foi.

Situado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, em 1960, o Mar de Aral ocupava uma área equivalente ao estado do Rio de Janeiro acrescido do estado de Alagoas, algo equivalente a 68.300 Km2. Era visto como um verdadeiro Oásis no meio do deserto, porque antes de ser chamado de mar, Aral era um lago que abrigava 178 espécies de animais. 

O começo da agonia

A diminuição progressiva do mar de Aral
A diminuição progressiva do mar de Aral

O fim do mar de Aral deu-se no começo da década de 1930, quando os governantes soviéticos decidiram transformar a área em uma produtora de algodão, com aplicação extensa de agrotóxico e substâncias para desfolhar as plantas. 


O uso desenfreado de insumos agrícolas promoveu um elevado volume de mortalidade infantil proveniente de doenças que foram passadas de forma hereditária, sem contar a perda de vidas selvagens, como peixes e outros inúmeros animais que habitavam as margens. 


Além disso, com a erosão e a retirada exagerada de água, o Aral passou a receber anualmente 60 milhões de toneladas de sal carregadas pelos rios, matando peixes e, por conseqüência, a indústria pesqueira que um dia existiu na região e sustentou a economia local. O sal e os pesticidas agrícolas se infiltraram no solo  contaminando os lençóis freáticos, o que acabou tornando impossível a lavoura nas mediações.

Diante do deserto que hoje abriga embarcações, que um dia navegaram pela região, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse  que o ressecamento do mar de Aral é um dos desastres ambientais mais chocantes do mundo. Se atitudes conscientes em escala mundial não forem tomadas, o cenário de horror, promovido por interesses de uns, alcançará a todos sem distinção.

Camelos caminham diante de embarcação encalhada nas areias do deserto



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