terça-feira, 6 de março de 2012

De portas fechadas, Hotel das Paineiras resiste ao abandono



                                                                      Foto: Maria de Gala

Situado no centro da floresta da Tijuca, com uma das melhores vistas da cidade do Rio de Janeiro, o Hotel das Paineiras, antigo recinto da alta sociedade, é, há 27 anos, a representação do abandono para turistas e curiosos que visitam o local à procura do glamour vivido no século passado.
Inaugurado, em nove de outubro 1884, pelo imperador Dom Pedro II, o hotel construído pela empresa Light tinha a pretensão de ser reduto da alta sociedade brasileira que se consolidava na transição da monarquia para a república. Durante muito tempo manteve o status de cinco estrelas e de principal concorrente do luxuoso Copacabana Palace. Sendo recinto para famosos hóspedes como a atriz francesa Sarah Bernhard; os ex-presidentes Washington Luís, Café Filho e Getúlio Vargas; além a tricampeã seleção brasileira de 70.  
Mas, dos áureos tempos, quase nada resta. Poucos são aqueles que se arriscam a andar pelas varandas esburacadas e pelos pátios cobertos de limo, áreas nas quais são autorizadas às visitações.
Na parte interna, o tempo não foi mais piedoso. Logo no hall de entrada restos de móveis e entulhos dificultam a passagem.  O teto que abrigava lustres e detalhes arquitetônicos, hoje, apresenta perigo com pedaços de rebocos que caem de forma inesperada. Das luxuosas escadas, que dão acesso ao segundo e terceiro andar, pouco resta dos dourados corrimões e dos tapetes vermelhos além do tom desbotado pelo mofo e pela poeira acumulada em quase três décadas.
 A situação é ainda mais precária nos 36 apartamentos, 10 deles conjugados de 2 quartos, que constituem os andares superiores. No lugar de hóspedes, aranhas, porcos-espinhos e cobras habitam no lixo acumulado que cobre quartos e corredores.
            De acordo com o historiador da PUC-Rio Antônio Edmilson, a decadência do Hotel das Paineiras pode ser explicada pela escalada da violência na região e pela crise econômica pela qual o país passava na década de 70 que acabaram afastando os hóspedes da região.
 A decadência se dá pelo aumento da violência, pela ocupação das áreas altas por favelas. Esses motivos resultaram na perda dos atrativos da região. Em substituição, o público acabou atraído por hospedagens de requintes da Região Serrana – explica o professor.
Com o fim da concessão da empresa Light, em 70, o hotel voltou para a União que não via como investir no local. Em 1984, a Universidade Veiga de Almeida chegou a arrendar o imóvel sendo responsável por algumas reformas na estrutura, mas o custo da manutenção era elevado. Mais uma vez, o hotel tinha o fim traçado ao esquecimento.
Desde então o hotel permanece fechado. As visitações são restritas às áreas externas. Mas com a proximidade da Copa do mundo de 2014, o hotel tem a chance de reabrir suas portas. No final do ano passado, o governo federal abriu processo de licitação para as empresas que desejarem investir no local. Os interessados deverão desembolsar a quantia mínima de 40 milhões de reais.  Investimento que é ansiosamente aguardado pelos admiradores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário