quinta-feira, 29 de março de 2012

Velha história


O quebra-quebra entre os militares e manifestantes durante a comemoração do Golpe Militar de 64 é a prova de um fantasma que não está enterrado: a de que o povo não se vê como um quando o assunto é as forças armadas. Talvez, para alguns essa afirmativa seria um tanto extrema, mas enquanto o Brasil não julgar aqueles que foram os responsáveis pelas maiores atrocidades acometidas a nossa nação, ao longo desses 512 anos, a contestação será inevitável. Por vários motivos.

A começar pela comemoração do Golpe. É uma mostra de como o embrião que levou os militares a acreditarem que uma ditadura deveria se sobrepor à democracia, à vontade do povo permanece vivo graças a um política de rabo preso que não subjuga os culpados às penas de seus crimes. 

Nossa ineficácia na punição é tão grande a ponto de a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) abrir uma investigação do porquê de o Brasil não investigar e punir os responsáveis pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Crime ocorrido há 37 anos. 
São 5 décadas que fechamos os nossos olhos às mortes de adolescentes, às torturas a homens e mulheres, ao massacre que findou a vida de 68 jovens e camponeses nas terras de Araguaia.

Obviamente, é um erro acusar às Forças Armadas como um todo por essa injustiça. A acusação  que se faz é contra quem insiste em fazer da data de horror, uma data de conquista. Isto não inclui só o que esperamos ser uma minoria militar e política, mas também contra cidadãos que negligenciam seu deveres mínimos: fazer com que a memória desse passado permaneça pulsando.


Abaixo, link da reportagem do Jornal O Globo sobre a notificação da OEA ao Brasil sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog


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